Cabo-verdianos vão pagar mais pelos empréstimos

As principais taxas de juro vão subir a partir de Janeiro. Um aumento em 50 pontos base, para manter a aproximação à Zona Euro e tentar impedir a saída de divisas, refere o Banco de Cabo Verde em comunicado.
Em números, a taxa directora (TRM) vai subir de 1,75% para 2,25%: a taxa das Facilidades Permanentes de Cedência de Liquidez (FPL) vai passar de 2% para 2,5%; a taxa das Facilidades Permanentes de Absorção de Liquidez (FPA) vai crescer de 1,2% para 1,7%; e a taxa de redesconto subirá de 2,75% para 3,25%.
O coeficiente das Reservas Mínimas de Caixa (DMC) vai manter-se em 10%.
Este aumento, recomendado pelo Comité de Política Monetária reflecte, diz o comunicado, uma avaliação detalhada dos recentes desenvolvimentos macroeconómicos, tanto no contexto interno quanto externo. “A decisão de aumentar as taxas de juro foi tomada após análise da situação económica do país, o qual é dependente das importações, tendo em conta a necessidade de se garantir a estabilidade do regime do peg fixo ao euro, mormente, num contexto de liberalização das operações cambiais e das transações económicas e financeiras com o exterior”, lê-se.
As decisões de política monetária tomadas pelos bancos centrais têm como objectivo influenciar o custo e a disponibilidade de moeda numa economia. A resolução mais importante está normalmente relacionada com as taxas de juro directoras. A alteração destas taxas afecta as taxas de juro que os bancos comerciais cobram aos clientes quando lhes concedem empréstimos, influenciando, assim, o consumo privado e o investimento das empresas. O objectivo da política monetária é manter os preços estáveis.
Segundo um comunicado do Banco Central, publicado no seu site no passado dia 19, o país enfrenta desafios nas contas externas já que a balança financeira registou uma redução nos influxos líquidos de financiamento, reflectindo a queda no investimento directo estrangeiro e o aumento dos activos externos líquidos dos bancos.
Apesar de a balança corrente ter apresentado superavit, explica o BCV, as entradas líquidas de fundos foram insuficientes para cobrir as necessidades de financiamento, resultando na perda de activos de reserva. O stock de reservas internacionais líquidas passou a garantir 5,6 meses de importações de bens e serviços para 2024.
A nova estrutura de taxas entrará em vigor a partir de 02 de janeiro de 2025.
Banco Central Europeu corta taxas
No passado dia 12, o Banco Central Europeu (BCE) desceu a taxa de juro de referência em 25 pontos base (para 3%), o terceiro corte do ano, num contexto de moderação da inflação e de abrandamento da actividade económica.
Há dois anos, o BCE aumentou as taxas de juro porque a inflação era demasiado elevada. A situação, entretanto, melhorou. Embora alguns preços continuem a registar subidas significativas, em especial no sector dos serviços, a inflação, em geral, desceu bastante.
No final da reunião, realizada em Frankfurt, o banco central apresentou também novas previsões para a economia da zona euro que apontam para taxas de inflação mais baixas e variações do produto interno bruto (PIB) mais reduzidas. Os técnicos do BCE estimam agora que a inflação passe de 2,4% em 2024 para 2,1% em 2025, quando em Setembro apontavam para valores de 2,5% este ano e de 2,2% no próximo. A expectativa continua a ser a de que, em 2026, a inflação fique ligeiramente abaixo da meta de 2%.
No que diz respeito ao crescimento económico, o banco central está mais pessimista. Prevê que a economia da zona euro irá crescer 0,7% este ano e 1,1% no próximo, quando em Setembro, apontava para variações do PIB de 0,8% e 1,3% em 2024 e 2025, respectivamente.
Em Fevereiro BCV volta a reunir
Em Novembro, o BCV já tinha decidido um aumento de 25 pontos base, apesar das pressões inflacionistas continuarem a cair. As taxas de inflação média e homóloga, no mês de Setembro, desceram ambas para 1%, quando no mês de Junho situavam-se em, respectivamente, 1,4% e 1,9%. Esta redução continua a reflectir a queda dos preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares no mercado internacional.
Neste último comunicado, o BCV diz que perante as incertezas que envolvem as perspectivas económicas e financeiras nacionais e internacionais, “manterá um acompanhamento atento e contínuo da evolução dos indicadores de referência, com ênfase nas reservas cambiais”.
A próxima reunião do Comité de Política Monetária está agendada para 25 de Fevereiro de 2025.
Fonte: Expresso das Ilhas